Um Estranho na Pia
Família se assusta ao achar homem nu dormindo em pia de cozinha em SC
Notícias UOL.
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Para se adentrar a uma residência, em geral, é mister que se tenha uma chave; a que abre uma das portas, e se a tivermos e esta não for a correta, de forma alguma dormimos em pias alheias.
A notícia me chama a atenção, porque me atento ao fato dele não estar dormindo na sua própria pia, e sim, na pia de um casal estranho. Mas ele entrou em sua casa, e tinha certeza, mesmo que o álcool lhe impedisse de tê-la, a chave não mentiria jamais. Se não usou-a, a porta estava aberta, e uma porta aberta era um convite para qualquer sóbrio entrar, que dirá um bêbado.
Poderia ter adentrado por uma janela, mas bêbado, seria motivo suficiente para admitir, que era bastante habilidoso.
O álcool e as drogas, consumidos em épocas como o carnaval, acabam nos colocando muitas vezes em situações constrangedoras e difíceis de se explicar.
Vejam o caso do sujeito que dormiu na pia da cozinha de uma casa estranha em SC.
Certamente saiu de casa com o intuito de se divertir, não tinha nenhuma intenção de se tornar um invasor de domicílio, não! Jamais! Nem tampouco, em sã consciência, iria dormir numa pia de cozinha, mesmo que fosse a sua, mas o efeito do álcool deve tê-lo feito acreditar que ali poderia ser um excelente lugar para descansar.
A desorientação causada pelos excessos, pode mudar toda uma realidade, mesmo que esta última não se baseie no bom senso, ampare-se apenas na lei que como bem sabemos, é cega.
Se pulou uma janela, então não estaria tão bêbado assim, mas seria absolutamente necessário que esta estivesse aberta, porque não houve nenhum arrombamento no local.
O fato é que ele estava lá, talvez roncando, talvez sonhando com sua noite esplendorosa ou trágica, talvez tenha sido sua primeira e única noite de carnaval, pode ter sido por insistência de amigos, ou poderia ter sido motivado a conhecer uma parceira para alegrar sua vida, não sabemos se ele era ou não uma boa pessoa, mas se entrou apenas para dormir, não roubou nada, deveria ter o direito de ser ouvido, merece se explicar, perdemos talvez uma grande história que por anos poderia ser contada, renderia vídeos que poderiam viralizar, o dono da casa se tornaria um ícone da bondade por tê-lo acordado com um café quente enquanto era entrevistado pelo jornal local que acompanhava ao vivo a reação do folião ao se ver sendo acordado na casa de estranhos.
Imaginemos uma situação hipotética, provável, do momento em que o casal entrou em sua casa.
O Homem ao abrir a porta de casa para entrar, sua mulher primeiro, escuta um barulho que parecia ser de um porco que provavelmente estava na cozinha.
“Você comprou um porco, diz a mulher ao marido.”
“Poderia tê-lo feito, mas não faria justamente no carnaval, quando íamos viajar!”
“Comprou o porco, colocou dentro de casa às pressas, antes de sairmos, e sequer pensou na destruição que o pobre animal faria durante todos esses dias trancafiado; às vezes não entendo tanta irresponsabilidade sua!”
“Você sugere que eu tenha comprado um porco apenas porque ouve o barulho de um dentro de casa, mas e se for outro animal que desconhecemos?”
“Confesse logo então, o que comprou e colocou dentro de casa sem antes me consultar? Acha mesmo que vou cuidar de um animal só porque depois de comprado, o fato consumado, eu seria obrigada a ter mais este trabalho além do que já tenho para cuidar desta casa que sequer foi construída com minhas opiniões, apenas as suas?”
Ao entrarem na cozinha, o Homem e a Mulher, se deparam com um corpo, ainda vivo e nu, dormindo, em cima da pia da cozinha. Não era um porco, o animal, mas alguns o considerariam caso tivesse criado confusão enquanto ocupava o local, mas não, apenas dormia.
Chamar a polícia seria aparentemente a coisa mais sensata a ser feita, e essa sensatez depende claro da sua leitura de vida, dos seus princípios éticos e morais, mas o fato é que havia um estranho em casa, que não havia arrombado nenhuma porta ou janela, o que colocaria os proprietários quase na condição de cúmplices do ato em si, filosoficamente falando é claro.
Acordá-lo e questionar os motivos pelos quais estava ali, dormindo em cima da pia, estava fora de questão. Mas não fazê-lo e deixar para que os policiais o fizessem, poderia colocar o pobre rapaz numa jaula, se condenado por invasão, por um bom tempo seria enjaulado por causa de uma porta ou janela que eventualmente havia ficado aberta.
O fato de deixar alguma coisa aberta não daria a ele o direito de invadir, mas e se não foi uma invasão, poderia ter sido apenas uma confusão.
“Precisamos acionar logo a polícia!”
“Querida, ele dorme, não está morto. Temos tempo para pensar que destino daremos a esse “corpo ainda vivo”, e não precisamos nos comprometer nem assumir a culpa por exageros desnecessários.”
Bastava acordá-lo, servir-lhe um café, ouvir sua história carnavalesca e se despedir, mesmo assim corriam o risco dele ser um homem violento, que se sentindo pressionado pela situação, poderia agredi-los, e aí sim teríamos um caso de polícia!
Perdemos tudo isso, e a ele restou apenas continuar seus sonhos numa cela da delegacia, sem pia.
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