O que mudou aos 60
O que mudou aos 60….
Aos 30 eu tinha dores lombares e tomava anti-inflamatórios, aos 60 não tomo mais, afinal, não resolvem nada.
Aos 40 ainda me fascinava a ideia de mudar o mundo, aos 60, mudei, eu mudei e passei a entender melhor o mundo.
Seus problemas não me preocupam mais, não faço a menor questão que você mude, se pudermos conviver felizes assim, está ótimo. Não me encantam mais os carros novos, roupa nova, sapato novo, prefiro uma boa companhia e uma cerveja bem gelada. Pode ser vinho também.
Não gosto de filmes comerciais, de efeitos especiais, de pessoas vazias, de lugares cheios, gosto de panelas elétricas, panelas de ferro fundido, fogões de indução, fogões de lenha, comida feita em casa, pizza feita em casa, de passar muitas horas ao lado da Ísis, de viajar para o meio do mato, gosto de cerveja estupidamente gelada, não gosto de calor nem de frio, gosto de saladas, detesto pobre de direita, não gosto de receitas, de tomate cru, de dias atribulados, detesto insônia e gente chata.
O silêncio me encanta!
Das partituras, hoje, talvez as pausas e os silêncios sejam as figuras preferidas.
Não gosto de funk, de sertanejo fanhoso, de piseiro, nada disso me interessa, prefiro torturar minha mente com coisas intrigantes.
Vi muitas invenções aparecerem, outras se aperfeiçoarem, mas nenhuma superou a invenção da geladeira, do ar condicionado, dos óculos, da máquina de escrever e dos automóveis.
Dediquei-me durante esses 60 anos a aprender coisas complexas, a partir de agora quero aprender coisas simples, provavelmente as mais difíceis.
Aos 30 tinha muito mais certezas do que tenho hoje.
Não acredito em notícias, em ofertas, em black Friday, em pessoas que votam na direita, em carne fresca, em produtos orgânicos, mas ainda tenho dúvidas quanto ao papai noel e o coelhinho da páscoa.
Não acredito em Deux, acredito na natureza, talvez a melhor definição de Deux que possa existir.
O que eu quero da vida é que ela tenha muita calma e paciência comigo, tenho muito a aprender com ela, mas longe de mim desvenda-la por inteiro, porque quero acordar amanhã e depois de amanhã, e depois de depois de amanhã, e ter sempre uma incrível novidade para tornar minha existência uma experiência maravilhosa e gratificante.
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