O CASO MIRANDA!
O Miranda era um senhor beirando os 70 anos de idade. Nos conhecemos através de um amigo em comum, que deu a ele meu contato para possivelmente marcarmos algumas aulas sobre teoria musical. Para quem não me conhece pessoalmente, sou músico e absolutamente apaixonado por teoria musical.
Ele estava bastante interessado em conhecer algumas novas teorias de improvisação. Me ligou, na época em que eu ainda tinha telefone fixo, e convidou a mim e a minha mulher para jantarmos na casa dele, batermos papo e tomarmos vinho. A ideia era nos conhecermos e depois disso, marcar as aulas sobre teoria musical.
Coincidentemente morávamos bastante próximos, e na noite combinada, fomos visitar o tal Miranda. Fomos muito bem recebidos, com uma bela mesa de frios e vinho artesanal servido à vontade. Era um cara de muito bom papo, e conforme a noite adentrava, mais e mais se tornavam interessantes os assuntos. Numa certa altura da noite, ele nos convidou para sentar no terraço e continuar tomando vinho enquanto jogávamos conversa fora.
Nem sei o que estávamos conversando, mas de repente o Miranda pára de falar e diz:
Não! Não há destino, somos todos programados! Nada! Nem o seu nome foi de fato escolhido pelos seus pais!
Me chamou muito a atenção todas essas afirmações, e quis saber mais. Ele disse que havia tido o “azar” de adquirir um tal conhecimento, que ele não nos contou de onde veio, mas que segundo esse conhecimento, lhe foi revelado que “eles” nos comandavam, e que éramos programados por “eles”. Imediatamente perguntei quem são “eles”, e ele imediatamente respondeu dizendo que não poderia de forma alguma me contar quem são, porque não estava disposto a assumir todas as consequências de fazer tal revelação, e disse que “somos todos vigiados o tempo todo”. Mas, ele me disse que poderia provar que somos programados, e eu me animei muito e quis saber como. Ele me pediu meu nome completo e a data do meu nascimento. Imediatamente eu disse que ele iria fazer numerologia comigo, mas ele afirmou que não se tratava disso. Que ele iria me dizer várias coisas que haviam acontecido na minha vida, e isso a numerologia não era capaz. Fomos em frente. De repente, um cara que não me conhecia, que nunca tinha me visto, sabia tanto da minha vida quanto eu! Me revelou também que poderia me dizer todas as coisas sobre o meu futuro, e nessa hora eu recusei.
A esta altura vocês devem estejam imaginando que talvez, o amigo que tínhamos em comum, Miranda e eu, possa ter revelado coisas da minha vida, o suficiente para ele saber quem eu era e ter me enganado. Mas, minha esposa ficou tão perplexa quanto eu, e se ofereceu para participar da mesma experiência. Forneceu a ele a data de nascimento e o nome completo, e ele começou a falar da vida dela, como se ele próprio a tivesse vivido, porque só ela sabia tantas coisas, e ele não tinha como saber tantos detalhes.
Marcamos de sair um dia, Miranda e eu, para comprar vinho artesanal em Riacho Grande, cidadezinha próxima de São Bernardo do Campo. Passei na casa dele, e fomos juntos no meu carro. No caminho, novamente toquei no assunto sobre “eles”, querendo saber quem eram. Ele me explicou, que as consequências seriam físicas, que causariam muita dor, caso ele revelasse a identidade “deles”. Me disse que a nós foi concedido apenas o prazer do sexo, porque através dele, poderiam aumentar consideravelmente o número de “escravos” sem a necessidade de “cria-los”. Tudo isso, para mim, era muito difícil de entender e de acreditar. Eu nunca havia ouvido falar de qualquer teoria sobre a vida, parecida com essa.
Até hoje, quando me lembro desse breve contato com esse senhor, me ponho a pensar quem era o Miranda de fato, e quem poderiam ser “eles”.
O fato é que ele sabia de coisas, que talvez nós nunca saberemos.
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